Sem palavras filosóficas nem frases tocantes. Português correto, postura ereta, linguajar culto e muito menos elegância nas palavras. Nada de sonhos, apenas, puras palavras.
Corri muito, corro demais por mim. Por coisas que talvez eu nunca devesse ter corrido e assim, não sairia do meu caminho que eu planejava seguir. Mas eles são planos, e planos são facilmente modificados e anulados, completamente, destruídos.
Puro sentimento, que sobe a garganta de um jeito muito forte, chegando ate a machucar, fazendo chorar. Nunca esperei ter conhecido quem conheço e muito menos a atitudes que foram colocadas para fora. Mostradas que, eu nunca estive naquele mundo daquela forma igual eu estava. Sonhei e sonhei de forma que não queria acordar mais. E realmente queria dormir de novo. Mas fui obrigado.
O seu medo; o garoto distante dos demais, quieto e fechado, com face de aparência nervosa e irritada, andar lento, meio largado, com roupa monocromática: uma jeans, camisas variadas entre preto e branco e seu tênis, apenas preto, apenas tênis. Talvez uma blusa com capuz e mãos nos bolsos dela ou da calça, celular ligado e fone no ouvido, olhar para baixo e sem nenhum foco quando voltado para o horizonte. Poucas palavras, sem cumprimentar os demais que estão no ambiente, sem se misturar. Bom ouvinte e com certeza, taxado como o nojento e metido do grupo. Apenas distante, apenas no meu mundo ilusionado por algo que poderia acontecer. Poderia mas não acontece, apenas pensando nas possibilidades, que ao seu ver, são nulas e inviáveis. Guarde as pra mim, meu pensamento, deixa pra lá. Nunca vou conseguir isso. –Isso subestime seu próprio ego e se rebaixe, não arrisque, vai perder!
Chances perdidas, momentos não aproveitados e eu vi meus desejos se aproximarem a menos de 1cm do meu rosto e falar bem baixo igual um sussurro: "–Me agarre e não me largue mais, eu sou o que você quer e o que deseja. Vamos, faça o que deseja e liberte sua alma para sua vontade de viver os seus desejos! Vamos." Meu pensamento rápido, ergue os braços, abre as mãos e vai com força para não deixar a chance escapar igual muitas vezes e… PARA. Meus braços caem de volta e não fazem mais nada. Deixo ela ir embora. Minhas chances se foram e eu fico no desejo ainda. Grande agonia.
Tenho falhas, poucas falhas, graves falhas. Orgulho. O mesmo orgulho que faz brigar e lutar por algo que eu gosto, faz eu brigar e lutar, contra mim mesmo, por algo que eu gosto. Eu não vou fazer sua vontade, meu orgulho não vai deixar eu me mexer se essa for sua vontade, mesmo sendo a minha. É um prato que somente eu consigo engolir e sofro com isso. Sofro com os momentos que desperdiço e com os momentos que vejo depois, isso me despedaça em mim. Bloqueia minha garganta de forma sufocante, rasgado em mil pedaços. Isso me acaba.
Meu distanciamento me mata. Seu distanciamento me sepulta por completo. As vezes me vem na cabeça a louca idéia, que era muito melhor eu ser um fantoche do que ter esse receio todo. Não sei mais do que tenho medo!