Para. Fica parado em frente ao espelho e veja. O que você consegue enxergar? Seu corpo. Estique as mãos e tente tocar no vidro. Você não consegue. Olhe para o chão e conte a quantos passos você está da parede. Um passo de distancia. Mas era pra você alcançar o vidro. Seus braços, pequenos, encolhem cada vez mais. O que está acontecendo? O que eu tenho? O que eu perco?
O corpo se desfaz. Mas eu estou em pé na frente do espelho. Minha vida passa neste vidro. Qual meu problema? Não está facil, situação está se complicando mas onde que eu não vi a falha? De onde surgiu esses rostos? Laminas prateadas passam a milimetros da minha pele. Arranhando tudo.
Abra o olho e veja você no espelho. Toque no vidro. Absorve. O vidro me absorve e eu passo para o lado de dentro do espelho. Vira pra sua frente. Seu corpo. Sua vida passando em um filme de segundos: correndo, chorando, chorando de rir, andando, doendo, sangrando, durmindo, acordando, pensando, escolhendo, pensando, falando, deixando, trocando, falando, pensando, deixando, trocando, trocado.
Veja a chuva, apenas caindo. Não se importe. Apenas irá te molhar nada mais. Deixe cair, sinta a agua caindo sobre seu rosto, lavando sua face e te livrando de impuros. Não corra, apenas sinta a agua descer pela sua pele tirando tudo que você despreza.
Parado em frente ao espelho, eu vejo meu reflexo. Apenas meu corpo, minha alma não sei, não identifico. Talvez tenha saido, talvez tenha ido embora, talvez eu tenha perdido.
Eu abro os olhos, vejo meu reflexo e saio andando novamente.